sexta-feira, 26 de junho de 2015

Quem deve usar medicamento para diminuir o colesterol?


Segundo a associação, a indicação para uso deve ser feita apenas pela presença, ou não, dos chamados fatores de risco. 

Apenas para aqueles que o tenham elevado, certo? Há anos atrás, esta era a orientação, porém a conduta vem se modificando. O colesterol é uma gordura extremamente importante no nosso metabolismo. Têm várias e importantes funções. É matéria-prima obrigatória para a síntese dos nossos hormônios, gônadas (testículo e ovários) e adrenais. É componente da membrana de nossas células. Existe em grande quantidade na biles, que é essencial para a absorção dos alimentos no intestino. Como o colesterol é uma gordura, e o sangue é uma solução aquosa, ele necessita se unir as outras substâncias para se tornar solúvel.

A associação dele com estas substâncias forma as chamadas lipoproteínas através das quais o colesterol circula na corrente sanguinea. Duas das importantes lipoproteínas são a LDL (sigla inglesa que significa lipoproteína de baixa densidade) e a HDL. É a responsável pelo transporte desta gordura do fígado para as células do corpo.

Ela também é conhecida como o mau colesterol. Porque se a quantidade desta gordura for maior do que as necessidades dos tecidos, haverá sobras - o que é um dos fatores que contribuem para o surgimento e evolução da arteriosclerose. A HDL lipoproteína de alta densidade faz o caminho inverso ao da LDL. Ele carrega o colesterol dos tecidos, levando-o de volta para o fígado. Por isso ela é também é chamada do bom colesterol.

Quanto maior for a quantidade desta gordura na lipoproteína, mais eficiente esta sendo a “limpeza” do colesterol dos tecidos. Há muito se sabe que a redução dos níveis da LDL colesterol sanguíneo reduz a probabilidade do surgimento e evolução das doenças arterioscleróticas. Inicialmente, o tratamento recomendado era a dieta com restrição da ingesta dos alimentos ricos em colesterol e de outras gorduras. O resultado desta conduta foi muito menos eficaz do que o desejável. A redução do colesterol que se conseguia era inferior a 10%. 

Foram então tentados vários os medicamentos que infelizmente tiveram seus usos abandonados. Pela pouca eficiência e efeitos colaterais, alguns graves, foram as causas.
Na década de 1970, surgiu um novo tipo de droga, a estatina, que revolucionou a indústria farmacêutica. Há muitos anos, é o medicamento mais vendido. Só um dos laboratórios que a comercializa faturou, em 2012, mais de 12 bilhões de dólares. Este tipo de droga é a mais eficiente em diminuir os níveis circulantes da LDL- colesterol. E obviamente está indicada para os que o tenham erm grau elevado. O objetivo é levá-lo a 100 mg/dl ou menos.

Além de diminuir os níveis do mau colesterol, as estatinas demonstraram outras ações antiarterioscleróticas. A principal é reduzir os níveis sanguíneos de substâncias que causam inflamação nos tecidos. Uma placa de arteriosclerose, um ateroma, com inflamação, tem mais chance de se romper no contato contínuo com o sangue. Este rompimento é a causa mais frequente dos eventos cardiovasculares agudos (infarto e AVC).

Por conta disso, é valido prescrever esta droga para quem já teve um evento desses independente dos níveis da LDL colesterol. Além desta indicação, para evento prévio, as estatinas só deveriam ser usadas por quem tivesse níveis elevados dessa lipoproteína. E a monitorização deveria ser feita através da determinação da LDL colesterol, usando-se a quantidade necessária para levá-la a níveis iguais ou menores de 100 mg/dl.

Nos últimos anos, no entanto, a Sociedade Americana de Cardiologia modificou substancialmente os critérios para sua indicação. Os níveis sanguíneos da LDL colesterol não são critério para a sua indicação, a menos que sejam valores superiores a 190 mg/dl. Também recomendam que sua dosagem não seja utilizada como monitorização. Segundo a associação, a indicação para uso deve ser feita apenas pela presença ou não dos chamados fatores de risco. Evento prévio, hipertensão arterial, diabetes mellitus, antecedentes familiares da doença, obesidade, etc. A dose recomendada, que deverá ser usada indefenidamente, será tão maior quanto maior for o número dos fatores de risco. Será que esse novo critério para o uso das estatinas é correto? Os americanos às vezes erram.

Fonte: Folhape
 

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