terça-feira, 6 de novembro de 2012

Orgânicos vs. tradicionais


Em um primeiro momento, a notícia caiu como uma bomba. Depois de revisar nada menos do que 237 pesquisas, estudiosos da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, concluíram que desembolsar uma grana extra para ter alimentos orgânicos na despensa pode não valer a pena. É que eles não identificaram, na maioria dos casos, diferenças significativas na concentração de vitaminas e afins. Justiça seja feita, o fósforo - mineral que, em parceria com o cálcio, participa da formação dos ossos - foi detectado em maiores doses nos orgânicos. Porém, como pouquíssimas pessoas apresentam carência desse mineral, o achado não foi considerado excepcional. 

"A investigação não surpreende. Outros trabalhos já revelaram que o orgânico não reúne mais nutrientes. Acontece que a qualidade do alimento vai além da quantidade de substâncias presentes nele", analisa Elaine de Azevedo, nutricionista da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), em Mato Grosso do Sul, e consultora do Portal Orgânico. Por exemplo: em uma lavoura adubada com fertilizantes sintéticos há muito nitrogênio, o que leva a altas taxas de proteína no vegetal plantado ali. Parece bom, não é? "Em contrapartida, esse elemento deixa a planta bastante vulnerável a doenças e com elevado teor de nitrato, que é tóxico", avisa Elaine. 

Isso sem contar que, em certas situações, os itens orgânicos são, sim, mais ricos em nutrientes. Em sua tese de doutorado, a química Sônia Stertz, da Universidade Federal do Paraná, encontrou menos substâncias benéficas nas versões convencionais de tomate, batata, morango, agrião e couve-flor. "Contudo, isso depende de fatores como clima e solo. E há grandes variações de um produtor para outro", pondera a cientista. O morango orgânico, para ter ideia, esbanjou 342% a mais de ferro, 183% de magnésio, 80% de potássio extra, 34% de cálcio, 26% de fibras e 24% de proteínas. 

Contradições nutricionais à parte, segundo Sônia Stertz, um artigo recente indica que os alimentos cultivados de acordo com o sistema orgânico tendem a apresentar níveis superiores de fitoquímicos. E esses compostos bioativos têm ação antioxidante, ou seja, são capazes de combater radicais livres e, consequentemente, evitar males que vão desde câncer até doenças cardiovasculares. Estamos falando do licopeno do tomate, da isoflavona da soja, do sulforafane das couves... 

Isso é bastante plausível porque o vegetal sem agrotóxicos precisa acionar seu mecanismo natural de defesa o tempo inteiro para se proteger de seus inimigos. Esse processo, por sua vez, estimula a fabricação dos aclamados fitoquímicos. Na revisão americana, outro destaque ficou por conta da comparação entre os níveis de agrotóxicos encontrados nos alimentos orgânicos e nos convencionais. No geral, os primeiros se mostraram menos propensos à contaminação por pesticidas. 

"De fato, essa é a principal diferença entre as duas opções. Os orgânicos são muito mais seguros", afirma a nutricionista Semíramis Domene, professora da Universidade Federal de São Paulo. "Os pesticidas são desenvolvidos para atacar organismos vivos em geral. Portanto, não afetam apenas as pragas", esclarece. A triste realidade é que também estamos sob sua mira. 

O perigo cresce quando a exposição a essas substâncias acontece dia após dia. Situação que, convenhamos, não é improvável de acontecer - basta pensar nas frutas do café da manhã, nas folhas do almoço, nos legumes da sopa servida no jantar e por aí vai. "O contato frequente com os agrotóxicos aumenta o risco de uma série de problemas", aponta Luiz Cláudio Meirelles, gerente-geral de toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa.

Fonte: Planeta Sustentável 

3 comentários:

Markin disse...

Os tradicionais são os orgânicos, porque os envenenados vieram depois. Melhor chamar os envenenados de convencionais. O problema não está nos nutrientes, mas nos defensivos. Os orgânicos priorizam mão-de-obra e são socialmente mais justos, por gerar emprego e não poluir. Orgânico tem maior preço, mas não são caros. Caro é comer veneno. Tem muita coisa envolvida, além de apenas os cinco itens apresentados. Mesmo assim, a diferença é de 4x2 para os orgânicos. Se ganhar assim, com 100 % a mais não faz uma grande diferença, não sei o que fará. Temos que cuidar do nosso entendimento, porque os produtores de alimentos convencionais, envenenados, são ricos e podem pagar por pesquisas enviesadas que deturpam resultados.

Carlos Jardim disse...

Organicos são realmente melhores... mas esbarram em alguns desafios:

1- produtividade: um produto organico tem em geral uma produtividade menor que a convencional...
Quando não se aplica nada de defensivos, as plantas se tornam mais vulneraveis... existem os defensivos "verdes", mas estes tentem a ter um resultado mais lento

2- qualidade visual: isto mesmo vc e todo mudo compra um produto não por que é "bom", mas por estar bonito visualmente...
Os produtos organicos, na maioria das vezes, tenfem a ter aspectos mais rusticos o que os desvaloriza visualmente

3- Preço e disponibilidade: Preço para poucos e dificil de achar...
Sem discursão, pobre compra pelo preço e ponto. Não adianta disser mais nada... Os organicos são para pessoal de maior renda, com asseço a informação e que se preocupam com saúde... e ponto. (situação brasileira)

Não discuto os beneficios dos produtos organicos, apenas quero saber quantas pessoas realmente compram um produto mais caro sempre

Anônimo disse...

Eu sempre compro alimentos orgânicos, já sejam frutas ou verduras.
Os produtos orgânicos são mais saudáveis, e também quando faço algum pedido de delivery em jardins tento que seja dum lugar que venda coisas de boa qualidade.