quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

As pedidas mais saudáveis para as férias


Por ocasião das férias escolares, a criançada requer atenção extra e os familiares buscam alternativas variadas para que elas preencham o tempo e canalizem toda a energia. Passeios a centros de compra, cinemas, zoológicos, parques, museus (para os mais ligados em cultura), etc, são o mínimo que os pequenos reivindicam e, de acordo com o orçamento familiar, podem até descolar uma viagem, quem sabe?

Quando eu era criança, adorava passar as férias na casa de tia Beth, porque lá havia maior possibilidade de passear, e a minha irmã e eu alternávamos o período fora de casa para que alguém ficasse na rotina de ajudar com os irmãos menores. Desde aquela época, eu observava que a novidade de estar hospedada em casa alheia trazia a oportunidade de saborear comidas diferentes, principalmente os quitutes. 

Uma das coisas que me fascinava era ver todos os sábados o meu tio Djalma chegar do Mercado da Madalena com um sortimento de frutas da estação e dispor na cozinha para a higienização e posterior deleite. Eu achava aquilo fantástico porque na minha casa era a minha mãe (e não o meu pai) que ia às compras...

São muitas reminiscências e simbolismos que o ato de se alimentar nos traz. Naquele caso, duas coisas prazerosas, férias e comidas gostosas, foram responsáveis por este flash back tão agradável que me surge, assim, de súbito, em meio à tarefa de criar uma coluna de jornal. Na verdade, o que me inspirou primeiro foi uma reportagem em que se mostrou, nos últimos dias, a opção de crianças frequentarem oficinas de chefes de cozinha como lazer de férias.

No geral, acho sempre estimulante qualquer iniciativa que visa colocar as crianças em contato com as situações do cotidiano que as esperam quando se tornarem adultas. Quando estas atividades envolvem o “fazer brincando” despertam nelas o interesse por tarefas que, apresentadas de outro modo, iriam parecer chatas.

Mas, e daí, para que tanta reflexão diante do óbvio? Ocorre que, na matéria em questão, a oficina era de guloseimas e as cenas de muito chocolate escorrendo e muito pirulito lambuzado de mais chocolate do tipo brigadeiro me deixaram enjoada (e olha que eu adoro chocolate!). Sei que foram os meus escrúpulos de profissional de saúde que me fizeram reagir assim. Eu esperava que, na prática, receitas diversificadas pudessem ser exploradas (e talvez assim fosse e apenas a reportagem não mostrou).

No fim das contas, o que é importante dentro deste contexto? Vejo as tais oficinas e colônias de férias como excelentes ocasiões para se difundir as comidas regionais, inclusive a riqueza de sobremesas em que o nosso Nordeste se destaca por sua herança açucareira. Mas, para ser justa com todos os alertas de saúde dos tempos atuais, preferiria assistir também a demonstrações de oficinas de sucos e vitaminas saborosos com as frutas da nossa Região misturadas a outras que nos chegam diariamente pelas vias das safras influenciadas pela globalização.

Considerando a estação em que a forte incidência solar predomina, nada mal provar sucos feitos de frutas e hortaliças, misturando água de coco e até folhas de ervas, como hortelã, que está muito em voga. As saladas de frutas que nunca sairão da moda, graças a Deus, contam com vários incrementos e as variações de mistura não têm limite (haja vista a grande pedida que é acrescentar sorvete). E as saladas de verduras misturando as folhosas com o que quiser: tomate, repolho e cenoura e beterraba crus e ralados, frutas desidratadas, e nozes ou castanhas, tudo regado com um suculento molho de azeite, limão, etc? Penso que esta, sim, seria uma oficina onde a criatividade e o desafio de estimular bons hábitos nas crianças fariam valer a pena. E os adultos também não perderiam nada resgatando em si mesmos as melhores coisas que só a infância tem!

Fonte: Folha de PE

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