quarta-feira, 1 de outubro de 2008

USP produz 1ª linhagem de células-tronco de humanos


SÃO PAULO (Folhapress) - Uma década depois de a primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas ter sido isolada nos EUA, o Brasil conseguiu reproduzir a técnica. A realização nacional foi confirmada há uma semana e meia no laboratório de Lygia da Veiga Pereira, do Instituto de Biociências da USP (Universidade de São Paulo). O trabalho será apresentado pela primeira vez quinta-feira em um congresso científico em Curitiba.

O domínio da técnica é importante porque essas células são hoje fundamentais para a pesquisa biomédica. São ferramentas científicas extremamente versáteis e, ao mesmo tempo, são o material promissor para terapias contra doenças degenerativas como mal de Parkinson e diabetes, possibilidade de prazo ainda incerto.

Entre a obtenção de embriões doados e o estabelecimento das linhagens de células-tronco, Pereira trabalhou quase dois anos, em parceria com o laboratório de Stevens Rehen, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

No meio do caminho, houve até um período de incerteza, pois a legalidade das pesquisas com embriões humanos estava sendo questionada no Supremo Tribunal Federal. Mas a Justiça acabou dando parecer favorável aos cientistas, e no final tudo deu certo para o grupo.

Após 35 tentativas frustradas, o grupo percebeu que uma das linhagens de células cultivadas em matriz de gel estava se reproduzindo e mantendo a “pluripotência”. Esse é o grande diferencial das células-tronco embrionárias em relação a outras: elas são capazes de se transformar em virtualmente qualquer outro tipo de tecido biológico.

Uma vez que elas se especializam, porém, perdem a versatilidade. Por causa disso, a pesquisa biomédica requer linhagens de células estáveis, que permaneçam indiferenciadas por tempo indefinido, mesmo se multiplicando.

“A gente viu que elas estavam começando a ficar com uma morfologia de colônia, como a gente chama. Quando a gente voltou, uma aluna dela veio fazer algumas coisas aqui no Rio para confirmar, e a gente viu de fato que ela tinha todos os marcadores”, conta Rehen. Em outras palavras, estavam “ligados” os genes que conferem a pluripotência.

Segundo o pesquisador, dentro de dois meses amostras da nova linhagem, batizada de BR-1, poderão ser enviadas a outros grupos de pesquisa do País.

Fonte: Folha PE

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